Metanol em bebidas: apenas testes de laboratório confirmam a presença de ‘substância traiçoeira’

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SP já registra 22 casos de intoxicação e cinco mortes; governo cria gabinete de crise para coordenar ações de combate.

Não adianta cheirar, provar ou observar a garrafa: o metanol não se distingue do álcool comum e só pode ser detectado em testes de laboratório. Essa “camuflagem” faz com que seja chamado de “substância traiçoeira” — perigosa justamente por enganar os sentidos e provocar sequelas graves mesmo em pequenas quantidades.

Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que a substância não apresenta diferença de sabor, cor ou textura. Ela passa totalmente despercebida pelo paladar e se dissolve muito bem em água e em álcool etílico.

Tóxico apenas após metabolizado

📋 A toxicidade do metanol aparece apenas após o fígado processar a substância. No organismo, a enzima álcool desidrogenase (ADH) transforma o metanol em formaldeído, um composto altamente reativo. Em seguida, esse formaldeído é convertido em ácido fórmico, que se acumula no sangue.

O ácido fórmico é o principal responsável pela acidose metabólica severa (quando o sangue fica excessivamente ácido) e pelos danos às mitocôndrias, prejudicando a produção de energia das células. É ele também que ataca diretamente o nervo óptico, podendo causar cegueira, e que compromete órgãos vitais, como rins, pulmões e cérebro.

Para piorar, o início da intoxicação é muito parecido com os sinais de uma bebedeira ou ressaca causada pelo álcool etílico tradicional. Apenas sintomas de visão turva e dor abdominal não são comuns em casos de embriaguez. Por isso, no caso desses sintomas desproporcionais, o indivíduo já pode procurar uma emergência o mais breve possível.

A intoxicação por metanol não pode ser tratada em casa e, quanto antes for feito o diagnóstico e o tratamento, maiores são as chances de sobreviver. Mas sequelas como cegueira podem ser permanentes, até mesmo em casos de baixa concentração.


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Metanol em bebidas: apenas testes de laboratório confirmam a presença de ‘substância traiçoeira’

SP já registra 22 casos de intoxicação e cinco mortes; governo cria gabinete de crise para coordenar ações de combate.

Por Silvana Reis, g1

01/10/2025 00h01  Atualizado há 3 horas

Quais são os sintomas da intoxicação causada por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas

Quais são os sintomas da intoxicação causada por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas

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Não adianta cheirar, provar ou observar a garrafa: o metanol não se distingue do álcool comum e só pode ser detectado em testes de laboratório. Essa “camuflagem” faz com que seja chamado de “substância traiçoeira” — perigosa justamente por enganar os sentidos e provocar sequelas graves mesmo em pequenas quantidades.

Especialistas ouvidos pelo g1 explicam que a substância não apresenta diferença de sabor, cor ou textura. Ela passa totalmente despercebida pelo paladar e se dissolve muito bem em água e em álcool etílico.

Tóxico apenas após metabolizado

📋 A toxicidade do metanol aparece apenas após o fígado processar a substância. No organismo, a enzima álcool desidrogenase (ADH) transforma o metanol em formaldeído, um composto altamente reativo. Em seguida, esse formaldeído é convertido em ácido fórmico, que se acumula no sangue.

O ácido fórmico é o principal responsável pela acidose metabólica severa (quando o sangue fica excessivamente ácido) e pelos danos às mitocôndrias, prejudicando a produção de energia das células. É ele também que ataca diretamente o nervo óptico, podendo causar cegueira, e que compromete órgãos vitais, como rins, pulmões e cérebro.

Para piorar, o início da intoxicação é muito parecido com os sinais de uma bebedeira ou ressaca causada pelo álcool etílico tradicional. Apenas sintomas de visão turva e dor abdominal não são comuns em casos de embriaguez. Por isso, no caso desses sintomas desproporcionais, o indivíduo já pode procurar uma emergência o mais breve possível.

A intoxicação por metanol não pode ser tratada em casa e, quanto antes for feito o diagnóstico e o tratamento, maiores são as chances de sobreviver. Mas sequelas como cegueira podem ser permanentes, até mesmo em casos de baixa concentração.

“Substância traiçoeira”, diz médico toxicologista

O médico toxicologista, patologista clínico e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Alvaro Pulchinelli, lembra que, infelizmente não é possível, antes de ingerir uma bebida, desconfiar se ela tem metanol ou não.

“O metanol é uma substância traiçoeira. Ele não tem um cheiro característico, um odor que possa ser identificado ou um gosto repugnante ou forte, que possa afastar a pessoa. A gente só vai perceber mesmo quando apresenta sinais e sintomas químicos”, explica Pulchinelli.

Dicas para o consumo seguro de bebidas alcoólicas

Entre os casos atuais de intoxicação por metanol em São Paulo, há situações de pessoas que consumiram bebidas em bares, mas também de vítimas que compraram bebidas em adegas e consumiram em casa.

Confira as orientações das autoridades em saúde e da polícia, enquanto as investigações estão em andamento:

  • Exija nota fiscal: o documento tem informações de identificação do fornecedor e ajuda na rastreabilidade do produto, sendo uma garantia para o consumidor em eventual reclamação;
  • Desconfie de preços muito baixos;
  • Procure estabelecimentos conhecidos;
  • Atenção às embalagens (confira se estão lacradas);
  • Não reutilize garrafas.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes afirma que a falsificação e adulteração de bebidas são crimes graves contra o consumidor, que colocam em risco a saúde da população e geram prejuízos diretos aos estabelecimentos sérios e comprometidos com a legalidade.

Além de alertar os estabelecimentos sobre os sinais de adulteração — como preços muito baixos, lacres tortos, erros de impressão e odor semelhante a solventes — a

Abrasel recomenda que garrafas vazias sejam inutilizadas (quebradas) antes do descarte, impedindo que sejam reaproveitadas por falsificadores para enganar consumidores com produtos adulterados.

A Abrasel lamenta que a atuação preventiva das autoridades ainda seja insuficiente. “A entidade reforça que ações de fiscalização em fábricas ilegais, como a que foi fechada em São Paulo, são fundamentais para conter esse tipo de crime. A fiscalização de distribuidoras e empresas também seria altamente eficaz, pois nenhum dono de bar ou restaurante agiria de má fé sabendo da possibilidade de contaminação e dos riscos envolvidos”, diz a entidade, em nota.

Sintomas da intoxicação por metanol

Os sintomas de alerta costumam aparecer entre 10 e 12 horas após a ingestão, mas podem surgir em até 48 horas após o consumo. Se o diagnóstico correto e o atendimento adequado não forem feitos rapidamente, a mortalidade pode ser superior a 50%. Se o socorro for rápido, a mortalidade pode ser de menos de 10%, explica a médica intensivista, emergencista e presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Patrícia Mello.

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