Senador foi indicado pelo presidente eleito para comandar Ministério da Justiça e Segurança Pública
Indicado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) tem como plano à frente da pasta o que ele e petistas classificam como “desbolsonarizar” a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele também tem a intenção de revogar decretos sobre armas assinados pelo atual governo. As informações são do Estadão
Mesmo antes de ser confirmado no cargo, na sexta-feira (9), Dino, de 54 anos, já falava e atuava como ministro. O principal foco é a PRF, que vem se militarizando há mais de dez anos – seus cursos de treinamento estão cada vez mais alinhados aos de policiamento ostensivo da Polícia Militar (PM) e do próprio Exército. A cúpula da corporação se notabilizou pela ‘bolsonarização’ no atual governo, principalmente durante a época eleitoral
O atual diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, pediu votos para o presidente durante a campanha. Ele passou à condição de investigado por suspeita de interferir no processo eleitoral quando viaturas intensificaram fiscalizações de veículos, especialmente no Nordeste, reduto lulista, durante o segundo turno.
Já na PF, o futuro ministro terá ainda a tarefa de lidar com pressões internas de petistas e aliados caso operações atinjam políticos governistas. Este é um dos motivos, por exemplo, de críticas internas do PT ao ex-ministro José Eduardo Cardozo.
Na avaliação petista, Cardozo não se empenhou para conter a Operação Lava Jato, que atingiu os quadros mais importantes do partido e levou Lula à prisão. No auge da operação, Dino defendeu, em entrevista ao site The Intercept, que a esquerda não desistisse de encampar pautas de combate à corrupção, e, apesar de crítico a Sérgio Moro e aos procuradores, reconhecia que a investigação revelou um grande esquema de desvios.
Segundo o Estadão, delegados tentarão emplacar demandas corporativas como a de estabelecer um mandato para o diretor-geral da PF, ampliação do orçamento para 2023, e recomposições salariais.
Além de ser o principal porta-voz do grupo de transição sobre assuntos de Justiça, Dino mergulhou em articulações no Senado depois das eleições. O senador eleito se empenhou para que o Senado adiasse indicações do presidente Jair Bolsonaro ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), às agências reguladoras e embaixadas. Foi frustrado em todas estas frentes e não ganhou apoio expressivo nem entre senadores petistas.